"Diz sempre o que te vai na 'alma', por alguma razão tens uma..."

segunda-feira, 19 de março de 2012

Capitulo III



Estava a retirar o meu almoço super nutritivo do meu cacifo, quando Daisy apareceu por de trás de mim. Quer dizer... eu achava que era ela, porque na verdade ainda não a tinha visto propriamente...Mas como eu tenho um sexto sentido para detectar a minha melhor amiga mesmo antes de a ver, tinha 99% de certeza que era ela... Voltei-me para constatar que tinha razão.

-Credo! Tu sabes sempre quando eu estou a chegar. - Não consegui perceber se era uma pergunta mas respondi-lhe. 

-Sim, já te tinha dito, tenho um olfacto muito apurado e esse teu cheiro a água de colónia Johnson's & Johnson's e gloss de cereja/morango não enganam ninguém. 

-Credo! Consegues cheirar o meu gloss? Tu nao derivas dos macacos rapariga, derivas dos cães! 

-Vou considerar isso um elogio! - Não pude deixar de me rir. Apesar de tímida, era a melhor amiga que alguém poderia ter. 

Daisy falava de coisas sem grande importância enquanto eu reparava bem nela pela primeira vez nesse dia. O seu cabelo cor de ouro estava ainda mais encaracolado e brilhante do que nos outros dias. Caia-lhe sobre as costas em canudos perfeitos, em completo contraste com a sua blusa azul-turquesa. Os olhos condiziam com a blusa e tinha rímel e lápis preto a contorná-los, de modo a que parecessem mais azuís do que o habitual. Tinha uma sombra muito levezinha da cor do cabelo. Os seus lábios estavam ainda mais perfeitos que o habitual, mas desta vez estavam delineados com lápis da cor do gloss, o que os fazia parecer ainda mais volumosos. 

A blusa realçava-lhe o peito, e as suas curvas, apesar de ser muito simples e discreta. Tinha vestidas umas calças de ganga simples e justas e uns ténis-bota brancos que eu adorava! 

-Pausa para eu falar! 

Ela olhou para mim com os olhos muito abertos de espanto e incompreensão. 

-Ok... 

-Chiba-te lá... Com quem é que vais sair? 

Ela não era lá grande coisa a representar. Tinha-a apanhado! E ela sabia. 

-E decidis-te isso porque…? 

-O Scott? O Dylan? 

-Pois… o Scott. Contei-te há bocado do trabalho com o Scott, e tu nem reclamas-te. Achei estranho, mas achei melhor estar calada! – Levantou as mãos em ‘modo defesa’. 

-Pois, trabalho… Acho que já te conheço um bocado melhor, D.! 

-Achas que me encontrava com ele se não fosse por um trabalho? 

-Trabalho de que? 

-Francês do nível III, sabes, aquele a que tu chumbas-te! 

-Ok, essa foi baixa e pagas por ela mais logo! Aposto que hoje demoras-te mais de 5 minutos a arranjar-te, e de certeza que não foi para a porcaria do francês! 

-Hei, tu é que és a Miss. Não Ouvi o Despertado Tocar!

-Eu não oiço, ok? A culpa não é minha...

Ela era óptima a desviar o assunto, mas desta não se livrava! 

-Vá lá, conta! – Estava a desesperar! 

-Não há nada para contar, se não te importares, podemos ir comer? 

-És uma chata, sabias? 

-Ya, é por isso que me adoras! 

Ela fez um daqueles sorrisos fofinhos, e eu não pude chatear-me mais. Depois logo lhe ligava para ver se a conversa dava frutos. 

-Por falar em rapazes, qual foi a tua e a do Loirinho? 

-Loirinho? D., andas outra vez a abusar do álcool? 

-Desculpa? Vais dizer que foste a única que não viste o fio que vos unia? 

-Ah, sim? 

-Ya! Mas enfim, tens de admitir que ele é um pãozinho! 

Ela mordiscou o lábio de maneira provocadora. 

- Ai e o Scottzinho? Aquele cabelo preto, a cair-lhe sobre a pele morena e a esconder aqueles olhos verdes! – Mordisquei o lábio também. 

-Pois, é isso, estamos bem entregues! 

- Sempre!

Começámos as duas a rir que nem umas loucas, como era habitual acabarem as nossas conversas.

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